Thursday, September 21, 2006

Do começo: bio.

Não faz mas sentido eu fazer esse blog secreto... nem assinar os posts com nome falso.

Bom. Eu sou a Ligia, 24 anos. Paulistana. Nasci em 82, no coração da cidade, em uma madrugada fria. Fui um bebê feio demais. Gorda, careca, com olhos separados por um nariz estranho. Um amigo de mamãe achou que eu tinha síndrome de down. tem gente que pensa isso até hoje, tenho certeza. Minha mãe inclusive. Talvez. Sei lá.

Cresci e virei uma criança medrosa, chorona e esquisita. Fiquei conhecida em um dos colégios onde estudei como "a menina que lia o dicionário". Era a maior da turma, de qualquer turma, maior até mesmo que os meninos. Quando terminei a terceira série do primário, papai e mamãe acharam que era bom negócio - para o bolso deles, claro - tirar os filhos do colégio de playboys onde estudávamos, eu e meus dois irmãos.

(Nem falei da minha família. Bom. Tem papai e mamãe, meu irmão mais velho, eu (3 anos mais nova que ele) e minha irmã mais nova (um ano mais nova que eu). Até hoje essa é minha família, com a adição de um bebê recém nascido, o filho da minha irmã).

Voltando. Fui tirada do colégio de playboys, onde sofria imenso preconceito por ser mulamba, e fui parar no colégio estadual do meu bairro, onde passei a sofrer imenso preconceito por ser "playboy" aos olhos de quem já estudava por lá. E foi nesse colégio estadual que fiquei da quarta série do primário até o final do terceiro colegial.

Se não aprendi absolutamente NADA do ensino formal nesse colégio, foi lá que descobri como fazer bombas caseiras, como não ser assaltada, como fugir de tarados, como conviver com diferenças e ser uma pessoa menos preconceituosa. Ponto pro colégio estadual! O resto eu aprendi sozinha, em casa, lendo ou assistindo ao Mundo de Beakman.

Nessa época fiz bons amigos. Na rua onde eu moro, que é sem saída e bem em frente a uma praça imensa, reuniam-se cerca de 30 crianças e adolescentes, diariamente, para jogar bola, fazer pegação, explodir bombas caseiras e bater papo em volta da fogueira sentados em sofás roubados do lixão, entre outras coisas. Era a "turma da rua de baixo". Uma delícia.

Foi nessa época também em que virei jogadora de vôlei, federada e tudo mais! Eu era a terceira reserva do clube do meu bairro, que, vejam só, disputava com o Guarulhos a "honra" de ser o penúltimo colocado no Campeonato Paulistano. Em resumo: eu era ruim para caralho. Mas, em compensação, eu era a capitã do time do colégio! E chegamos a ser vice-campeões na nossa delegacia de ensino.

Acabou o colégio, acabou a turma da rua de baixo, acabou o vôlei, deixei de ser uma atleta. Nem lembro quando foi a última vez que entrei em quadra. E olha que o clube fica bem atrás da minha casa.

Prestei Fuvest. Duas vezes. Ciências Sociais. Não passei nem da primeira fase. Cursinho, pra mim, foi só pra ouvir boas histórias na aula de Literatura, e BABAR pelo professor na aula de história. Geometria, Trigonometria, Física, eram apenas bons soníferos. No meio de 2000 prestei vestibular pra uma faculdade nova, que parecia ser bacana. OK. Prestei porque a inscrição pro vestibular era de graça.

Passei. Rádio e TV. Nem pensei em cursar, mas "ah, a instituição é bacana, eles tem um background legal, bla bla bla". De repente, a bomba: eu tinha passado em PRIMEIRO LUGAR, e por isso tinha direito a uma bolsa de estudos de 100% pro primeiro semestre. Fui lá - não custava nada mesmo... A preguiça me impediu de estudar pra tentar Fuvest de novo, então foi lá que eu estudei e me formei, só que em Jornalismo. E metade da faculdade foi de graça, com essa política linda de bolsas por desempenho e mérito.

Foi mais ou menos por aí - ou antes? - que eu arranjei um namorado. Papai andava muito doente, eu meio deprê, não saía da frente do computador. Conheci um menino bacana, que logo virou grande amigo, e logo virou namorado. Detalhe: ele morava a 450 km de distância. Detalhe MESMO, que a gente namorou durante 2 anos e meio sem grandes dramas. Mas aí terminou.

Acontece que mesmo com o fim do namoro, eu não parei de frequentar o Rio de Janeiro. Conheci pessoas, fui a lugares e fiz coisas que me deixaram muito feliz por lá. Tão feliz, que eu não queria mais morar em São Paulo. Todos os meus amigos estavam no Rio. Os meninos mais interessantes estavam no Rio. Os lugares que eu gostava de frequentar, as comidas que eu gostava de comer, tudo estava no Rio. São Paulo não fazia mais sentido pra mim. E eu ainda tinha mais um ano inteirinho de faculdade pela frente. Mas tava decidido: acabando a faculdade, eu ia me mudar pro Rio. E até lá, ia continuar frequentando a cidade todos os meses.

Mas o destino, esse grande fanfarrão, fez com que eu me decepcionasse muito com uma pessoa do Rio. Fez com que eu sofresse, me arrastasse no chão, me sentisse uma bosta e uma vítima. Fez com que eu perdesse a vontade de me mudar pra lá. E aí sim eu fiquei perdida: não tinha o Rio, e nem São Paulo. E nem sabia muito bem quem era eu mesma.

Só que... cara, eu consigo entender essas pessoas que pregam que nada acontece por acaso. Porque tudo é muito encadeadinho nas vidas da gente. Mesmo que levemos dias, meses ou anos pra perceber, parece que nada acontece por acaso mesmo. Mas o caso é que eu tava assim, no lixo, quando fui convidada para trabalhar como hostess de uma festa que eu costumava frequentar lá pelos idos de 2002. Eu fui, porque o trabalho era moleza e ia me render uns trocadinhos a mais - sempre bom quando você vive a cruel vida de estagiária.

Adivinha: fiz amigos nessa festa. E São Paulo voltou a fazer sentido pra mim. E aí, de hostess, eu virei colaboradora freelance pro site da festa. E de colaboradora freelance eu virei assessora de imprensa da festa. E de assessora de imprensa, eu me transformei em coordenadora de comunicação da bagaça, comandando uma equipe que chegou a ter 4 membros! Wow!

Mas é ÓBVIO que esse conto de fadas (oi?) não ia permanecer por muito tempo. Depois de 2 anos de uma dedicação integral e bizarra ao trabalho, eu fui demitida. Bem, é assim que acontece, não importa quantas noites você deixou de dormir trabalhando, se você não for mais interessante para a empresa, eles te demitem. Isso é assim em qualquer lugar, não ia ser diferente comigo só por causa dos meus belos olhos verdes.

E é aí que eu me encontro. Desempregada. Ouvindo Strokes. Começando meu quadragésimo quinto blog. E sem saber muito bem o que vem pela frente. Porque é essa a graça da vida, né?

Vamos ver se eu consigo escrever os próximos capítulos por aqui... :D

5 comments:

Unknown said...

Isso, não pára, não!

Vou adorar te conhecer mais ma chère!

Bijnhus!

Rach said...

Te amo :**

HelenaN said...

Emocionei :~

Robs said...

Ai, força, amica! Tudo vai melhorar!
Abracinhos virtuais!

Anonymous said...

Olá! Achei interessante a sua história. Trabalho com a Helena e passei só para dar um 'oi'. ;)